Será que o Facebook vai morrer?

O ano de 2022 começou muito complicado para o Facebook. Em fevereiro, a marca desabou mais de 25%, perdendo em poucos dias mais de R$ 1.32 trilhões de valor de mercado. A pressão de investidores reflete sua constante dificuldade de manter-se como a mais acessada rede social do mundo.

O início do Facebook se deu em 2003, quando Mark Zuckerberg, Dustin Moskovitz e Chris Hughes, estudantes na Universidade de Harvard, desenvolveram uma rede social exclusiva para o campus. Em pouco tempo, ele já contava com mais de um bilhão de assinantes, sendo a primeira rede social a conseguir tal feito. Hoje, o Facebook – que mudou seu nome para Meta (mas essa é outra história) – atinge quase três bilhões de usuários.

No Brasil, o Facebook chegou oficialmente em 2007, quando recebeu suporte à língua portuguesa. Confesso que lembro bem de quando isso aconteceu. Criei minha conta e desde sempre estou lá. Minha história com o Facebook representa bem a dificuldade que existe em manter-se no topo do universo em que ele está inserido.

Neste artigo, reflito sobre o uso do Facebook, redes sociais e por que elas estão cada vez mais rápidas, dinâmicas, rasas e também fugazes.

A felicidade líquida do Facebook

Este termo, “felicidade líquida”,  foi criado pelo filósofo polonês Zygmunt Bauman para definir a atual sociedade. Ele analisa e define as relações e comportamentos rápidos e fluidos do mundo contemporâneo, impactados pelo capitalismo globalizado.

Se as relações são líquidas, imagine nossa aderência às redes sociais? A chamada desmonetização, fenômeno muito visto nas plataformas tecnológicas modernas que aparentemente não cobram por seu acesso, mas vendem os dados e anúncios ferozmente, gerou uma infidelidade nunca antes vista.

Podemos trocar de rede social sem que isso implique em encerrar contratos, cancelar pagamento ou ainda prejuízos maiores.

Não foi o Facebook o pioneiro neste universo das redes sociais. O finado Orkut era provavelmente o mais famoso de sua época. Criou o modelo de grupos temáticos e angariou milhões de seguidores. Com o nascimento do Facebook, muito mais intuitivo e agradável, logo o Orkut morreria. O que vimos com o Facebook foi o florescer do modelo em que tudo é gratuito, com exceção dos anúncios.

O usuário comum, nada paga. Uso a plataforma com toda a sua capacidade sendo, claro, exposto a anúncios pagos que geram vendas e engajamento. Este é um ponto crucial da mudança do Facebook. A regra mudou completamente anos atrás, uma vez que um post tinha uma visualização imensa na base de contatos. Hoje, pouco mais de 5.17% dos seus contatos veem o que você publica. O Instagram em comparação entrega no seu orgânico cerca de 10%.

Para quem utiliza o Facebook como diversão, sabe que há tempos ele deixou de ser o preferido dos amigos e colegas. Se parte das pessoas mudou para outras redes como o Instagram, outros players hoje preenchem o que o Facebook acabou não tendo como dar foco.

Engajamento orgânico praticamente não existe mais

Quem atua no Marketing Digital ou tem atividades no digital que dependem de engajamento para vendas, leads e até mesmo visualização, sabe que hoje precisa colocar muito dinheiro para ter o que tinha com pouco investimento no passado.

Algumas redes sociais adotaram ou ainda adotam em seu início o engajamento alto no orgânico para poder atrair usuários. Essa estratégia funciona muito bem, levando em conta a liquidez que temos em nosso relacionamento com as redes sociais.

Quando cansamos de uma rede social, migramos para outra. Entender qual rede social é adequada ao seu negócio e a seus valores faz mais sentido do que sair despejando recursos em estratégias digitais sem objetivo definido.

Novas redes sociais surgem a todo momento

De redes sociais para quem gosta de vídeos curtos a redes sociais onde o número de palavras é limitado, a oferta é imensa. Redes sociais para médicos, educadores, admirados de fotografia, natureza, esportes radicais ou namoro; você pode ter uma rede social que fala com seus gostos e demandas. 

As redes sociais são um fenômeno do mundo em que vivemos. Não resta dúvida da importância delas, já que em tempos de pandemia compriram um importante papel de conexão.

Mas também não podemos ser iludidos. Os conteúdos que na sua grande maioria das vezes têm maior alcance são justamente as chamadas Fake News. Quanto mais acesso, mais dinheiro para o anunciante, assim, não existe compromisso com a verdade. Esse é um dos perigos deste universo.

O Facebook responde a milhares de processos por isso e até nas eleições de diversos países do mundo a mão forte do Facebook tem seu papel.

Mas o Facebook realmente vai morrer?

Estamos assistindo à redução, embora pequena, no número de usuários do Facebook e esse é um mal sinal, afinal isso nunca havia acontecido. Esta é, talvez, a face mais percebida do problema. O Facebook perdeu seu pódio pela própria mão do seu fundador.

Quando o Instagram foi comprado pelo Facebook, assistimos uma migração imensa de usuários. Tiro no pé que deu muita grana, mas dividiu a audiência. Hoje, os players são gigantescos – como seu principal competidor, o Tik Tok, que ganha usuários e cresce mais a cada dia. 

O Facebook vai morrer? Ainda não sabemos, mas assim como nascem gigantes, eles também caem.

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Forte abraço e até o próximo conteúdo.

Sobre o autor,

Benício Filho – Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente também está concluindo o curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco. Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador dá Palestras & Conteúdo, Sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio fundador da Agência Incandescente, sócio fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal), atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio), além de participar de programas de aceleração como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros. Palestrando desde 2016 sobre temas como Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência, já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.