Ciclos terminam, será que você percebe isso?

Ciclos terminam, será que você percebe isso?

Ciclos são movimentos naturais da vida. Todos os seres vivos obedecem a lógica dos ciclos: nascem, crescem, amadurecem, envelhecem e depois morrem. Com nossas experiências não ocorre de maneira diferente: somos frutos dos nossos ciclos. A questão em pauta é: quando nos tornamos conscientes deles e encerramos aqueles que não mais queremos mais viver? Será que você percebe o momento em que os ciclos terminam?

Para os gregos, havia dois grandes fardos que pesavam sobre a vida humana, duas forças enormes que inviabilizavam a felicidade. A primeira, o passado, e a segunda, o futuro. Para eles, a razão era óbvia: o passado e o futuro impediam o homem de habitar — e amar — o único tempo que realmente existe: o presente.

A prisão no passado ou no futuro, matava a vida. O passado comporta sentimentos que nos puxam para trás, para o que já aconteceu, fazendo com que, ao invés de estarmos ativos no presente, fiquemos estáticos e anestesiados pelo passado. E quais são esses sentimentos que nos impedem de viver o presente quando ciclos terminam? A nostalgia, o arrependimento, o remorso, a culpa, o ressentimento. 

Não é sem razão que Espinosa denomina esses estados de “paixões tristes”. Sentimos saudades do que vivemos, “dos bons e dos velhos tempos”; olhamos para as consequências das nossas escolhas e sentimos culpa. Visualizamos a rota percorrida e nos arrependemos. Passam meses, às vezes anos, e ainda perguntamos a nós mesmos “por que fiz ou disse aquilo?”, ou ainda, “por que alimentei aquela insanidade?”.

O medo de aceitar que ciclos terminam te faz viver futuros inexistentes

Apenas depois de muita luta conseguimos nos desvencilhar do passado e, como em um passe de mágica, caímos nas garras do futuro. Entram em cena a ilusão e a esperança. Encontramos nessa “certeza” de que no futuro tudo será melhor um refúgio: quando mudarmos de casa, de emprego, de relacionamentos… A convicção é de que tudo vai melhorar, não hoje, não agora, mas no futuro. E, mais uma vez, não estamos no presente.

Uma das possibilidades que tornam-se evidentes para nossa ausência do presente é a vida acelerada na qual nos enfiamos. Se você soubesse a quantidade de pessoas que me procuram porque não aguentam mais a correria da vida você se espantaria. Cada vez mais a rotina frenética perde o sentido para muitas delas e, assim, acabam adoecendo.

Viver uma vida corrida significa se esforçar para dar conta de tudo. É buscar acertar sempre. É sobreviver de meta em meta. É não desacelerar… Com o passar dos anos, mais pessoas vivem aprisionadas no amanhã e longe do aqui e do agora. O normal é estar envolvido com planos ou sonhando com uma nova conquista. 

Claro que se planejar ou desejar conquistar experiências e coisas não é errado. A complexidade está em não conseguir experienciar o que a vida proporciona no aqui e agora, em detrimento do por vir. Nós sabemos que o futuro é algo incerto, ele é uma projeção psicológica do tempo. A gente constrói uma imagem do futuro e vive na expectativa de que ele será exatamente como projetamos. Infelizmente, isso é um grave engano.

Não dá pra vivermos uma realidade que não existe. O futuro não existe, meu caro amigo, somos nós que criamos essa ideia falsa de tempo por vir. O único tempo real é o agora. Aprisionar-se no no amanhã, com esse futuro projetado, é que nos coloca na atmosfera de correria, de velocidade.

A percepção do tempo ao longo da nossa história

Ao longo do tempo a humanidade passou por transformações que modificaram sua relação com o tempo e a velocidade. A gente sempre quis antecipar as coisas e as experiências, e também encurtar o tempo para tudo. Desde a Antiguidade, o homem inventou os meios de transporte para se locomover no menor tempo possível e para desbravar espaços geográficos diferentes. 

De início, navegamos de jangada, cavalgamos a cavalo, navegamos de barco a vela, andamos de bicicleta, para depois chegarmos à tecnologias que alteraram a velocidade. Portanto, parece que sempre existiu na humanidade um movimento nos impulsionando à aceleração, mas hoje, por motivos diversos, essa característica tem feito mal ao homem, porque tira de nós a conexão que temos conosco mesmos, com as experiências, com o sentido da vida.

Pode parecer simples para você usar um smartphone mas saiba que nosso cérebro é analógico e não digital. Por mais que nossa máquina cerebral seja o mais incrível computador já criado, ele sofre para conseguir compreender a percepção do tempo na velocidade dos bits. Ou damos um tempo a nosso cérebro e corpo ou continuaremos a viver uma vida distante do presente – que é o único estado que pode trazer felicidade

Sobre ela, a felicidade, acredito que chegamos ao ponto central da conversa. A presença pode nos ajudar a compreender que momento vivemos e nos ajudar a encerrarmos os ciclos que estão nos aprisionando. A partir daí, deixamos de olhar o passado e paramos de prever o futuro. 

O que acha de receber algumas sugestões para perceber melhor o tempo e começar entender quando alguns ciclos terminam? Afinal, este artigo encontra você em um final de ano, momento mais do que propício para tais mudanças!

Passado, futuro, finais de ciclos, o que importa é estar presente!

Não existe uma forma única de viver a vida – a correria faz parte e é uma forma de vivenciá-la. A ideia aqui não é demonizar o correr, mas refletir sobre como somente correr, somente aceitar essa velocidade como a realidade, pode fazer mal

Por outro lado, estamos falando sobre como os ciclos terminam. Um bom momento de conexão com você mesmo pode te ajudar a compreender o que precisa ser encerrado, quais momentos precisam ser desacelerados e quando iniciar um novo ciclo. A receita nunca é simples e, em muitos casos, precisamos até da ajuda de profissionais

O que sempre recomendo é um distanciamento programado do digital. Reserve pelo menos 30 minutos por dia para fazer algo distante dos recursos digitais. Um café com seus amigos, uma brincadeira com seu pet, uma nova leitura, uma massagem, meditação ou simplesmente ter um espaço com você mesmo. Não veja isso como trivial, pois não é. Nos dias de hoje, estamos sendo usurpados até em nossa alma. Reservar um tempo para você é dizer não a tudo isso! 

Por outro lado, faça o exercício de, em uma folha em branco, escrever quais ciclos você gostaria de encerrar. Aquele relacionamento tóxico? Ou parar de colocar energia em projetos já afundados? Deixar de ouvir os outros e começar a ouvir você? Visitar uma nutricionista e começar a comer melhor? Veja que existem inúmeros ciclos que um momento de desaceleração poderá ajudá-lo. 

O final de ano é especial para iniciarmos novos ciclos. Comece 2023 valorizando o que mais importa: VOCÊ! Que o próximo ano seja repleto de novos ciclos e de muita presença no presente

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Forte abraço e até nosso próximo encontro.

Sobre o autor,

Benício Filho – Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente também está concluindo o curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco. Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador dá Palestras & Conteúdo, Sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio fundador da Agência Incandescente, sócio fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal), atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio), além de participar de programas de aceleração como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros. Palestrando desde 2016 sobre temas como Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência, já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.