O Capital humano e a transformação dos negócios
Certa vez ao fazer alguns estudos sobre o que define um ser humano, a resposta da filosofia foi a que mais chamou minha atenção.
Do ponto de vista filosófico, o ser humano é caracterizado como um ser vivo racional, capaz de ser uma unidade e uma totalidade ao mesmo tempo, enquanto matéria. Ele também consegue, através da racionalidade, distinguir coisas e elaborar conceitos.
Nossa força então reside em nossa capacidade de construir novas abordagens diante de cenários adversos. Foi assim que, ao longo dos anos, achamos respostas para os mais diversos desafios.
Confesso a você leitor, que é justamente nessa capacidade humana que eu mesmo deposito minhas esperanças para resolvermos questões globais, como a pobreza, aquecimento global, destruição de florestas, entre outros males que são intensos em nosso tempo.
Mas passando do global para nossa casa, como é que enxergamos a capacidade, de cada um que nos rodeia, de criar novas soluções através das potencialidades que são inatas a cada ser humano?
Digo isso justamente porque a cada dia percebo mais pessoas e líderes que querem replicar modelos e buscar soluções prontas para os mais diversos problemas, quando diante deles existem em suas empresas ou ao seu redor pessoas com capacidades para resolver tais dilemas.
O que está acontecendo em nossas empresas, que perdemos ou afugentamos a capacidade das pessoas de proporem novas soluções?
Será que estamos de alguma forma esquecendo que o maior capital de uma empresa é seu potencial humano? Bem, não tenho respostas para tudo, mas quero neste artigo ajudá-lo a compreender como podemos ampliar a atuação dos nossos negócios, famílias e amizades nos relacionando de uma maneira que gere mais proposições em menos restrições.
A MUDANÇA DA PERSPECTIVA DO QUE DEVE SER FEITO PARA O QUE PODE SER FEITO
Estamos acostumados a nos relacionar sob a ótica do que deve ser feito. Fazemos isso o tempo todo. As frases, sempre foi assim, gosto desse jeito, fazemos assim, a melhor forma é essa.
Tais comportamentos, criam uma lógica de como as coisas devem ocorrer. É claro que não é de bom grado, não ter processos para a maioria das tarefas. O que devemos estar atentos é quando o que temos em nossa rotina, seja ela na vida ou na empresa, são processos ou regras que inibem a possibilidade de que outra forma de execução seja testada.
Um bom exemplo disso é como contratamos nossos colaboradores. A maioria deles, são contratados usando o modelo do que eles precisam fazer de tarefas. Quando eu coloco na mesa o que eles precisam fazer, nasce a pergunta lógica de quais ferramentas existem, estrutura da empresa, time, equipamentos, etc.
Quando invertemos esta pergunta para “O que pode ser feito diante destes desafios”, colocamos um tema na mesa e abrimos as possibilidades de respostas.
Diante de um cenário como este apresentado acima, temos a possibilidade de receber uma enormidade de respostas. Às vezes me pergunto se é justamente pela enormidade de respostas que limitamos as perguntas.
O fato central é que ao reduzirmos as possibilidades de entrega do “outro”, reduzimos o potencial humano das pessoas que contratamos, que nos relacionamos e de quase todos os elos que temos.
Não se trata apenas de uma mudança na abordagem. A questão é que ao mudarmos a abordagem abrimos o leque das possibilidades e criamos uma relação em que a potência do “outro” e sua capacidade de resolução é o que realmente interessa.
O MAIOR CAPITAL QUE PODEMOS ACUMULAR NA VIDA É O CAPITAL HUMANO
Infelizmente ainda é comum encontrar líderes que veem suas áreas de recursos humanos como meras prestadoras de conta aos órgãos de controle.
Cuidar da folha de pagamento, horas de trabalho e benefícios é muito importante, mas isso não gera o crescimento do potencial humano que temos em nossas empresas.
Imagine se apenas 20% dos seus colaboradores estiverem em seu dia a dia de trabalho entregando o que melhor eles podem entregar em termos de potencialidade.
Bem, isso é possível ser visto quando visitamos eventos clássicos de inovação aberta. Convido você a pesquisar onde em sua região estão acontecendo Startup Weekend, Hackathons ou imersões com startups.
Participe e veja o que é a entrega total de um ser humano. A questão é como trazer para nossas empresas esta entrega real que existe em alguns ambientes.
Como disse, não tenho respostas para tudo, mas quero deixar contigo alguns pontos que podem ajudá-lo a criar este ambiente.
CINCO DICAS PARA PROMOVER AMBIENTES MAIS COLABORATIVOS
Primeiro, conheça cada um da sua equipe sob um olhar pessoal. Muitas pessoas que nos rodeiam fizeram formações ou têm experiências pessoais muito mais valiosas do que as que ela apresenta no dia a dia.
Segundo, trabalhe mais voltado para a entrega do que para o como fazer. Quando defino como deve ser feito, acabo criando uma caixa. Os seres humanos não vivem em caixas.
Terceiro, diversidade é sinônimo de criatividade. Todas as pessoas devem fazer parte do time, reduzir a diversidade é afugentar novas abordagens.
Quarto, amplie a colaboração entre times, áreas diferentes olhando desafios de outra equipe proporcionam novas abordagens.
Quinto, deixe de contratar pelas tarefas que precisam que sejam executadas. Apresente os desafios aos candidatos e contrate pela capacidade de solucionar problemas. Muitas vezes alguém que não conhece determinada ferramenta tecnológica entrega mais do que o candidato mais bem preparado em tecnologia.
Como disse neste artigo, não tenho a pretensão de dar respostas. Quero sim ajudá-lo a compreender como podemos criar mais ambientes onde o que mais importa é a capacidade do ser humano.
Ela transforma vidas, gera negócios e amplia nossa visão do mundo.
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Forte abraço e até nosso próximo encontro.
Sobre o autor,
Benício Filho – Benício Filho – Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC SP e Filosofia pela Universidade Dom Bosco. Mestre pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação, MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios. Pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, sócio da Core Angels Atlantic (Fundo de Investimento Internacional para Startups). Sócio fundador da Agência Black Beans e sócio fundador da Atlantic Hub e do Conexão Europa Imóveis ambos em Portugal. Atua como empresário, escritor e pesquisador das áreas de empreendedorismo, mentoring, liderança, inovação e internacionalização. Em dezembro de 2019, lançou o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas”. Em dezembro de 2020 seu segundo “Do Caos ao Recomeço”, e em janeiro de 2022 o último publicado “ Metamorfose Empreendedora”.